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Open finance e a evolução dos serviços agregados

28 jun. 2023
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Open finance, BaaS, Embedded Finance são inovações que guiam a criação de serviços e geram benefícios para clientes e instituições bancárias

A oferta de serviços financeiros é cada vez maior. Em um futuro próximo, a expectativa é que o volume de transações embutidas na jornada fim a fim do cliente possa representar até 50% das receitas dos bancos. Como as instituições estão trabalhando Open Finance, Banking as a Service (BaaS) e Embedded Finance para impulsionar ainda mais a inovação em serviços?  

Um debate com representantes de grandes bancos e do Banco Central no primeiro dia da Febraban Tech 2023, mostrou que o setor não brinca em serviço: há iniciativas cada vez mais maduras, outras em andamento e várias planejadas no horizonte. 

O Banco Central tem objetivos bem definidos de médio a longo prazo em relação ao Open Finance, lançado há três anos: mais competição, aumento da eficiência e inclusão financeira. “Para chegar lá, vamos dar um passo de cada vez”, disse Matheus Rauber, assessor sênior no departamento de regulação do Banco Central durante o evento.

Segundo ele, o Banco Central tem uma agenda de prioridades, sendo que a iniciação de transação de pagamentos é o foco para 2023. Para isso, é preciso fazer melhorias na APIs, nas jornadas de experiência do cliente, discutir novas funcionalidades e o PIX automático recorrente.

“Apesar de estar mais estável, também precisamos de melhorias na qualidade de dados abertos e transacionais”, afirmou Rauber.

Para Cristina Pinna, diretora de engenharia de software do Bradesco, tecnologia é fundamental para a consolidação do Open Finance. “A beleza do Open Finance são as APIs, que facilitam muito as integrações e compartilhamento de dados”. Além disso, na construção de um ecossistema para agregar valor ao cliente, o Bradesco adota tecnologias como Inteligência Artificial e analítico avançado, para conseguir trabalhar com grande volume de dados e, a partir deles, ter insights. Na prática, isso significa, por exemplo, agregar para o cliente informações de saldo, de crédito e investimento. 

A executiva contou também que as novas tecnologias dão suporte para a hiperpersonalização. Recentemente, o Bradesco começou a fazer experimentos com IA generativa para tentar extrair as melhores estratégias para atender os clientes. Além disso, também tem foco nas jornadas cada vez mais digitais e sem fricção, inclusive possibilitando transações na plataforma de terceiros como empresas de e-commerce. 

E como virar a chave para aumentar a adesão ao Open Finance? Segundo Ísis Galote, gerente de estratégia do Itaú Unibanco, é importante fazer ofertas mais individualizadas e, em paralelo, melhorar a jornada e a experiência. 

Dados 

Dados são essenciais para criação de novos produtos e serviços financeiros. Mas o desafio é grande. “Os dados trazem benefícios tanto para o cliente quanto para o banco”, afirma Ísis. Para ela, é preciso apostar em soluções pautadas no momento de vida do cliente, combinadas com outros setores, como oferecer um seguro de casa, o que conversa com o Open Insurance.

Outro desafio, segundo Cristina, do Bradesco, é a padronização, que permite a interoperabilidade e qualidade de dados para ter personalização e hiperpersonalização. “Como conseguimos fazer isso? Com design organizacional focado no cliente”, disse. Ela explica que antes do Open Finance o banco já pensava as áreas de tecnologias com foco no cliente, experiência, jornada e inteligência de dados. Com o Open Finance, começou a trabalhar com uma estrutura organizacional que congrega várias competências, como engenheiros de dados, especialistas em User Experience (UX), em tecnologia e negócios. 

Novas modalidades de serviços

Outros temas abordados no painel foram o Banking as a Service (BaaS) e o Embeded Finance, que se relacionam bem com Open Finance. Todos têm algo em comum: o cliente no centro. 

Para Ísis, o foco é sempre usar experiência contextualizada e personalizada. “No Embedded Finance, é o contexto correto e a oferta correta, no momento que o cliente deseja. O BaaS permite uma conexão”.

Segundo Cristina, do Bradesco, um ponto importante é olhar a jornada fim a fim do cliente, esteja ele na plataforma do banco ou de terceiros. Daí, a importância de estabelecer parcerias. “O Bradesco tem mais de 2 mil parcerias que usam as APIs para pensar em jornadas que façam sentido para o cliente”, contou. São parcerias com marketplaces e serviços de viagens, como hotéis, por exemplo. 

De acordo com Rauber, o Banco Central tem se debruçado sobre o BaaS, analisando questões regulatórias e de conduta das instituições. “Às vezes, não fica claro para o cliente quem está prestando aquele serviço para ele. É possível que o Banco Central precise disciplinar melhor o serviço de BaaS”, disse. 

Em relação a Embedded Finance, o BC tenta dar mais concretude ao que seria um o superapp. “Não queremos ver apenas soluções simples integradas em app de terceiros, mas esperamos que as instituições apresentem algo mais criativo, como agregação de dados, hiperpersonalização e prestação de serviços no momento adequado. O BC espera ver maior integração”, destacou. 

Open Finance brasileiro aos olhos do mundo 

Helen Child – CEO e fundadora da Open Banking Excellence (OBE), principal comunidade mundial de pioneiros em open banking e open finance que reúne bancos, órgãos reguladores e prestadores de serviços – é uma entusiasta do tema e fã da iniciativa brasileira.

“No começo deste ano lançamos o Global Open Finance Index, com uma visão de iniciativas em todo o mundo. Todos estão olhando para o que o Brasil faz”, afirmou em sua participação no painel. Segundo ela, o Banco Central do Brasil é bastante reconhecido no mundo por sua postura de pensar num futuro ágil e inovador. 

“Vários países aspiram ter um ambiente como o do Brasil. Vocês buscaram benchmarking no Reino Unido, aprenderam e aplicaram as lições, adotaram um ponto de partida diferente e, com o PIX, o processo acelerou. É fenomenal a escala que o Brasil alcançou. Não é apenas a inovação, mas o ritmo que vocês implementaram e a grande participação do mercado”, destacou. Segundo Hellen, o Brasil é o primeiro país a ter um processo de ponta a ponta. “O Brasil está liderando o caminho do Open Finance”. 

Para ela, colaboração é a palavra-chave para os bancos seguirem no caminho do Open Finance.