A Inteligência Artificial está reescrevendo as regras da consultoria de negócios. O que será do futuro dessas companhias?

Tarefas que antes exigiam dedicações de equipes inteiras por semanas agora são feitas em minutos por algoritmos. Já vimos que a inteligência artificial é capaz de produzir análises estratégicas e até relatórios inteiros automaticamente. Isso está sacudindo o modelo tradicional: se uma máquina gera insights instantâneos, o cliente começa a perguntar “por que pagar consultores para isso?”. E o potencial é gigante – o mercado de consultoria em IA deve crescer cerca de 23% ao ano, chegando a US$60 bilhões até 2030.

O que as consultorias estão fazendo para se adaptar? Estão abraçando a IA ao invés de competir com ela.

As líderes de mercado integraram assistentes de IA generativa em seus times. Uma grande firma já conta com um assistant interno escrevendo apresentações (adotado por 75% da equipe!), liberando consultores para focar em decisões de alto nível. Sua concorrente desenvolveu o próprio chatbot em parceria com uma big tech de IA. Outras atribuem uma fatia de dois dígitos da sua receita diretamente a projetos impulsionados pela tecnologia.

Há ainda aquelas que estão criando hubs globais de inovação em IA e treinando suas pessoas para trabalharem lado a lado com algoritmos – adotando frameworks de “consultoria aumentada”, em que a máquina faz o pesado e o humano agrega criatividade e contexto. É o que chamamos aqui na Capgemini de “human+IA chemistry”.

E por falar em Capgemini, nós apostamos alto: anunciamos investimento de US$2 bilhões em IA, firmamos parcerias estratégicas (inclusive adquirindo a WNS, especialista digital, para liderar em IA Agêntica) e aumentou seu número de centros de inovação pelo mundo.

Os frutos já aparecem: no 1º tri de 2025, projetos de IA generativa responderam por ~6% dos novos contratos aqui – sinal de que não é só hype, é negócio real. Em suma, consultorias estão se reinventando com tecnologia para entregar mais valor em menos tempo, antes que alguém o faça em seu lugar.

A evolução de setores e funções com IA

O que observar de agora em diante? Primeiro, uma reinvenção de papéis: um estudo setorial projeta que até 2030 cerca de 30% das atividades em consultoria poderão ser automatizadas. Isso não significa “fim dos consultores”; significa uma evolução de funções.

Os consultores juniores de hoje podem se tornar “treinadores” de IA, garantindo que as recomendações das máquinas façam sentido no mundo real. Já os consultores experientes precisam reforçar o que a tecnologia não substitui – empatia, liderança de mudança, julgamento estratégico e expertise setorial.

Segundo, as fronteiras da concorrência estão borrando: a barreira de entrada diminuiu com a IA. Gigantes de tecnologia e startups de análise agora oferecem recomendações estratégicas via plataformas de IA, competindo diretamente com as firmas tradicionais. Para não ficar para trás, consultorias terão que destacar seu diferencial humano (por exemplo, na mudança cultural e execução prática das recomendações) – esse toque humano, combinado com IA, será o fator crítico.

Terceiro, alguns setores vão puxar mais demanda de consultoria em IA:

  • Saúde e farmácia já aceleram investimentos (hospitais usando IA para diagnósticos, biotech em pesquisa genética);
  • Serviços financeiros saem na frente (bancos aplicando IA em detecção de fraudes, gestão de risco, atendimento via chatbots);
  • Varejo aposta pesado em personalização e automação de análise de dados.

Mesmo setores tradicionais como educação e jurídico começam a buscar consultoria para não ficar para trás. Além disso, funções inteiras dentro das empresas serão transformadas.

  • Atendimento ao cliente ganha eficiência com chatbots inteligentes 24/7;
  • Marketing e criação de conteúdo vivem uma revolução com geradores de texto e imagem produzindo campanhas sob demanda;
  • Desenvolvimento de software muda radicalmente com “co-pilotos” de código auxiliando programadores.

As consultorias precisarão guiar os clientes nessa reorganização, ajudando a integrar GenAI e IA Agêntica nos processos, mas sem perder de vista a tríade composta por “estratégia, pessoas e governança”.

Por fim, atenção à pressão por resultados rápidos: com a IA acelerando tudo, clientes vão esperar projetos mais curtos, baratos e de alto impacto. Em vez de estudos de meses, veremos MVPs de semanas entregando valor. Modelos de precificação e formato das entregas terão que se adaptar para mostrar valor claro em menos tempo.

É tempo de revolução!

Em resumo: a IA não vai acabar com as consultorias – vai redefini-las. Quem prosperar não será quem negar essa tendência, e sim quem a abraçar com sabedoria. A vantagem competitiva virá de combinar a velocidade da máquina com a sensibilidade humana. 

Consultores empoderados por IA poderão focar no que importa: resolver problemas complexos, construir confiança com o cliente e impulsionar transformações reais. Em plena revolução da inteligência artificial, “não é que os robôs vão roubar o lugar dos consultores; mas os consultores que souberem usar robôs bem podem roubar o lugar de quem não usar”