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As tendências do Gartner data & analytics conference 2024

Por Bernardo Caldeira e Caue Moresi

28 mar. 2024
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GenAI, papel dos CDAOs, cultura data-driven, custos, ética e regulamentação ganharem destaque nas discussões sobre D&A  

Dados, analytics e Inteligência Artificial têm guiado a transformação dos negócios no cenário complexo que vivemos atualmente. Isso traz uma série de desafios para as organizações, porque não se trata mais de escolher as melhores ferramentas tecnológicas, mas, a partir delas, construir uma visão estratégica para gerar valor para o business. Essa perspectiva, que defendemos na Capgemini, esteve presente nas discussões do Gartner Data & Analytics Conference 2024.

O evento foi realizado nos dias 26 e 27 de março, em São Paulo, e reuniu líderes de TI, negócios e Data & Analytics (D&A), em mais de 70 sessões abordando temas que estão na agenda dos executivos do setor.  

Acompanhamos a programação de palestras com especialistas do Brasil e do mundo que estiveram na conferência e reunimos, a seguir, os achados mais relevantes para o mercado brasileiro, com as principais tendências e insights que devem movimentar a área de D&A.

GenAI para além do hype

A IA Generativa permeou grande parte das sessões do evento. E não é à toa, afinal essa tecnologia poderosa está revolucionando a disciplina de D&A ao permitir a adoção de casos de uso com foco em experiência do cliente, processos de vendas, atendimento e marketing. Além disso, a tecnologia tem potencial para acelerar o desenvolvimento de modelos de IA e empoderar o capital humano.

Em março de 2023, 45% das empresas apontaram aumento de investimento em GenAI, número que saltou para 66% neste ano, segundo o Gartner.

Um levantamento da consultoria com CEOs apontou que 75% já testaram GenAI e ⁠64% acreditam que não é mais hype.  

Outro dado apresentado no evento mostra uma fotografia bem atual, de janeiro de 2024: 35% das empresas estavam em modo de exploração de GenAI, 38% na fase de desenvolvimento de pilotos e 21% já em produção de soluções.

Os dados do Gartner indicam que metade dos investimentos que envolvem IA Generativa são direcionados para soluções facing client, como atendimento, marketing e vendas. Os casos se concentram principalmente em: otimização de custos (23%), CX & retenção (20%), crescimento de base (18%) e novos produtos e serviços (16%).

Na Capgemini, acreditamos que 2023 foi o ano de experimentação, em que as empresas fizeram provas de conceito para entender a GenAI. Agora, 2024 promete ser o momento de execução e captura de resultados com os modelos de GenAI, tanto para empresas locais como internacionais.

Novos desafios para o CDAO

O CDAO (Chief Data & Analytics Officers) é o principal líder de D&A e atualmente está nos holofotes, afinal sua atuação tem impacto importante no desempenho de uma organização. Segundo o Gartner, a maturidade de D&A já impacta positivamente a performance financeira das empresas em 30%.

Mas com o avanço da GenAI, os CDAOs precisam se reinventar. Esses líderes têm investido seu tempo em mudar a cultura, definir estratégias, fazer a gestão e a governança, mas ainda precisam comunicar melhor o valor que estão gerando para os negócios.

Outra dificuldade mapeada pelo Gartner aponta que 23% dos CDAOs estão revisando seu approach para data storytelling e 24% estão revendo suas métricas de D&A para métricas orientadas ao negócio.

Assim, vemos que com a crescente evolução de tecnologias e demanda por dados nas organizações, o escopo e responsabilidade dos CDAOs serão cada vez maiores. Esse gestor precisa estar orientado às discussões com o negócio e ser um habilitador de soluções, provendo dados de forma segura, eficiente em custos, com qualidade e apoiando a transformação cultural da empresa.

Cultura data-driven

Falando em cultura, outra tendencia é que a disciplina de D&A precisa estar cada vez mais integrada ao DNA das organizações. Isso passa, por exemplo, em incorporar D&A no onboarding dos colaboradores para, desde o início, conscientizá-los sobre a importância dos dados.

Outra recomendação do Gartner é integrar D&A nos processos oficiais da organização para garantir que essa visão seja considerada em todas as decisões.

Essas são algumas iniciativas que colaboram para a consolidação da cultura data-driven, que não precisa estar restrita a um processo específico, mas presente em toda a cadeia de valor da organização.

Dados cada vez mais sustentáveis  

O que D&A tem a ver com sustentabilidade? Tudo. Os especialistas do Gartner chamaram a atenção para este aspecto, pois hoje a pauta ESG envolve muitos dados. Assim, o CDAO tem a missão de consolidar os dados da sustentabilidade para dar uma visão da situação da empresa nesse sentido. A partir daí, é possível ter maior embasamento para definir políticas e métricas.

Nuvem para habilitar o crescimento

As tecnologias cloud-native são populares para D&A, pois oferecem escalabilidade, flexibilidade e economia de custos. Porém, muitas empresas brasileiras ainda enfrentam desafios para fazer adoção de nuvem por conta de fatores como, custos e receio com segurança dos dados e estabilidade das operações.

No entanto, a nuvem é o grande habilitador para conseguir maior poder de computação. As organizações precisam considerar isso para não restringirem a jornada data-driven em sua plenitude.

Gestão de custos

No cenário atual, a gestão de custos é um ponto crítico para D&A e que impacta, inclusive, nas estratégias de GenAI, sustentabilidade e cloud. Daí a importância de desenvolver e aprimorar, por exemplo, a disciplina de FinOps.

Outro dado do Gartner que chama a atenção mostra que apenas 23% dos CDAOs têm um budget relevante próprio. E 2 em 5 desses executivos têm flexibilidade para suportar inciativas de inovação, ou seja, a maioria investe seu tempo e dinheiro em engenharia de dados.

Ética e regulamentação da Inteligência Artificial

Estes são temas extremamente atuais e relevantes também discutidos na conferência do Gartner. Com o crescente volume e importância dos dados, as empresas estão se concentrando cada vez mais na ética, explicabilidade e auditabilidade de seus modelos de IA e tomadas de decisão com lastro em dados. Diversas políticas e procedimentos são implementados enquanto a regulamentação está em evolução em todo o mundo.

No início deste ano, a União Europeia aprovou uma regulamentação para garantir sistemas de IA seguros, transparentes, rastreáveis, não discriminatórios, evitando a produção de conteúdo ilegais.

O Brasil ainda está iniciando as discussões no tema e novidades devem surgir ainda neste ano. Em 2023, foi apresentado no Senado o Projeto de Lei (PL) 2.338, que propõe um modelo regulatório mais abrangente para a IA. Em nossa análise, há uma série de desafios neste PL, como a ausência de um órgão regulador central e a dificuldade em acompanhar o ritmo acelerado de desenvolvimento da tecnologia. Também é preciso aguardar a definição de diretrizes para o desenvolvimento e uso da IA, entre outros temas.

Esta edição do Gartner Data & Analytics Conference no Brasil foi uma oportunidade para os profissionais atualizarem conhecimentos com uma dose de motivação extra para agir diante de tantas mudanças que estão acontecendo no mundo dos dados. Na Capgemini, estamos conectados com as tendências da área, e seguimos desenvolvendo soluções capazes de atender aos novos desafios de D&A.

Highlights

“O CDAO precisa estar orientado às discussões com o negócio e ser um habilitador de soluções, provendo dados de forma segura e apoiando a transformação cultural da empresa”.

Bernardo Caldeira, Head of Business Advisory da Capgemini Brasil

“Se 2023 foi o ano de experimentação da GenAI, 2024 promete ser o momento de execução e captura de resultados.”

Caue Moresi, Head of Data & AI Operations da Capgemini Brasil