Pular para o Conteúdo

Escalando GenAI

Bernardo Caldeira e Caue Moresi
15 Abril de 2024

Para entrar de vez no jogo da Inteligência Artificial Generativa é preciso investir em casos de uso, adotar mindset de produto e apostar na capacitação dos colaboradores

Em um curto espaço de tempo, a Inteligência Artificial Generativa conquistou o usuário final e empresas ávidas por experimentar esta tecnologia disruptiva. Agora, o hype da GenAI passou e a conversa ficou mais séria. As organizações querem saber como a tecnologia pode agregar valor e levar os negócios a um patamar mais alto. 

Mas como unificar camadas de dados, modelos de negócios e pessoas com GenAI? 

Recentemente, participamos do Gartner Data & Analytics Conference 2024, realizado em São Paulo em março, e, como não poderia ser diferente, a GenAI esteve no centro do debate. Os dados do Gartner e a experiência da Capgemini em projetos de IA Generativa em todo o mundo permite traçar um cenário atual, além de apontar desafios e caminhos possíveis. 

Uma pesquisa do Gartner com CEOs, por exemplo, mostra que 75% já testaram a tecnologia e ⁠64% acreditam que GenAI não é hype. A maioria (⁠62%) discute esse tema junto ao board.

Em março de 2023, 45% das empresas apontaram aumento de investimento em GenAI. Neste ano, o número pulou para 66%, um crescimento bastante significativo. 

Outro levantamento do Gartner indica que 64% das organizações estão investindo em GenAI em duas ou mais áreas de negócio. É curioso notar que apenas 31% do investimento é direcionado para TI (desenvolvimento, infraestrutura, operações, etc.). O restante está voltado para outras áreas, como marketing, vendas e customer service, além do backoffice (jurídico, recursos humanos e financeiro).

Colocando uma lupa nos casos de uso, vemos que os principais investimentos são para: otimização de custos (23%), experiência e retenção do cliente (20%) e iniciativas de crescimento de base (18%). 

Tudo isso nos leva a crer que o momento de GenAI é agora. Depois da fase de experimentação, 2024 será o ano de execução e captura de resultados, com destaque para modelos multimodais (ou seja, de texto para vídeo, de imagem para vídeo, etc.). Por isso, vale o mindset: pense grande, comece pequeno, escale rápido. 

No entanto, o custo é uma das maiores ameaças ao sucesso da IA Generativa. Mais de metade das organizações estão abandonando os seus projetos devido a erros na estimativa e cálculo de custos na fase de design de projeto, segundo o Gartner. 

Outro desafio é otimizar a relação entre dados e GenAI com o chamado “AI ready data”, que tem três pilares segundo o Gartner: governança de D&A, gestão de metadados e data observability. Nesse sentido, uma das orientações para as lideranças de D&A é estabelecer sua ambição em IA, além de revitalizar e estender a governança de dados para uma governança de IA. 

Trabalho em equipe. 

A GenAI também está mudando as interações no ambiente de trabalho. Nesse sentido, outro fator crítico para escalar projetos de GenAI é a integração dos times de negócio e de tecnologia. É preciso trabalhar juntos e, nesse sentido, a gestão da mudança passa a ser imprescindível.

O time de negócio precisa demonstrar valor e benefícios da GenAI para direcionar vantagem competitiva e chegar aos resultados de negócios com ROI. Já a equipe de tecnologia precisa lidar rapidamente com as grandes evoluções, gerenciar custos e riscos.

Além disso, também consideramos que a velocidade de iteração e o aprendizado são mais importantes do que a tecnologia em si quando se fala em projetos de IA Generativa. Este é o momento de aprender e ganhar maturidade antes de pensar nas ferramentas ou como encontrar o melhor prompt. 

Empoderamento criativo.

A demanda por dados é enorme e a cultura de inovação é um elemento de transformação digital bem-sucedido nas organizações. Unindo esses dois aspectos podemos ter um verdadeiro empoderamento criativo a favor da GenAI. 

Dados é uma disciplina totalmente relacionada ao business e tem a tecnologia como habilitador. Por isso, a área de negócios precisa entender as possibilidades da tecnologia, ou seja, o que pode fazer ou não com a IA Generativa, por exemplo. Para isso, é necessário que as organizações invistam em programas de alfabetização e trilhas de conhecimento específicas de GenIA, porque isso permitirá que as áreas de negócios tragam novas ideias e deem o start nas provas de conceitos. 

Portanto, empoderar as áreas de negócios, fazer competições internas e reservar um tempo para a criatividade são elementos essenciais para escalar a IA Generativa.

Já a governança em D&A para GenAI é específica e, para evoluir rápido, é preciso experimentar. Apesar dos orçamentos restritos, esses projetos precisam acontecer, mas sem perder de vista uma proposta de geração de valor para o negócio. Isso é essencial!

Uma das dicas para as equipes de D&A é migrar de uma mentalidade orientada a processo para um mindset orientado a produto, que considera métricas, teste de feature e teste AB, por exemplo. Assim como qualquer demanda analítica, é preciso trazer os elementos da gestão do produto para ser bem-sucedido nessa jornada de GenAI.

Passo a passo

A IA Generativa apresenta um enorme potencial para impulsionar a inovação e a mudança da forma de trabalho nas empresas. No entanto, escalar essa tecnologia para gerar impacto real requer uma abordagem estratégica e cuidadosa. 

Os passos essenciais são:

  1. Conexão e mapeamento de casos de uso: comece a jornada identificando os desafios específicos de cada área de negócio.  Não deixe de avaliar prontidão cultural para experimentação e inovação, além de disponibilidade de dados e aspectos de segurança (privacidade) antes de ingerir dados em qualquer LLM. 
  1. Pitfall de custos: processamentos excessivos de APIs podem gerar custos exorbitantes. Por isso, otimização e dimensionamento são cruciais para a viabilidade econômica. Soluções de automação, monitoramento e um, data mapping assertivo são fatores de sucesso. Projetos e iniciativas devem ser priorizados com base em seu potencial de retorno e impacto.
  1. Letramento na tecnologia: é preciso investir em treinamento e capacitação em GenAI para colaboradores, pois muitas funções serão transformadas no curto prazo, promovendo uma nova revolução no mercado de trabalho. É essencial abraçar a cultura de experimentação e inovação, reservando orçamentos específicos para este tipo de iniciativa, criando uma governança corporativa e capacitando a força de trabalho neste método.

A GenAI pode transformar as empresas, mas exige planejamento, investimento e expertise. Ao superar os desafios e aproveitar as oportunidades, as empresas podem desbloquear novos níveis de criatividade, produtividade e competitividade.

É importante lembrar que Gen AI é uma ferramenta poderosa, mas não uma solução mágica. O sucesso de adoção da tecnologia dependerá da compreensão das necessidades do negócio e da correta adoção na organização, o que requer gestão da mudança e monitoramento constante de métricas de sucesso e custos.

Além deste tema, elaboramos outras reflexões a partir da nossa participação no Gartner Data & Analytics Conference 2024. Acompanhe também os conteúdos sobre tendências em D&A, democratização de dados, além de governança e qualidade de dados para apoiar os negócios.

“Em projetos de GenAI, a área de D&A precisa sair de uma mentalidade orientada a processos para um mindset orientado a produto”. Bernardo Caldeira, Head of Business Advisory da Capgemini Brasil 

“Times de negócios e tecnologia precisam se integrar para os projetos de GenAI e, nesse sentido, a gestão da mudança passa a ser imprescindível”. Caue Moresi, Head of Data & AI Operations da Capgemini Brasil