Pular para o Conteúdo

Bancos e fintechs democratizam o acesso a produtos em moeda estrangeira

24 jan. 2024
Logotipo da marca

Inovações tecnológicas e simplificação da regulamentação impulsionaram operações de câmbio, remessas internacionais, pagamentos cross border e investimentos feitos por brasileiros

Durante muitos anos, grande parte dos brasileiros não tinha acesso aos produtos financeiros em moeda estrangeira. Mas com o surgimento de um novo marco legal, de tecnologias inovadoras e a chegada de players, como as fintechs, esse mercado ganha novos contornos. Operações de câmbio, remessas internacionais, pagamento cross border, compra de ações e investimentos feitos por brasileiros cresceram significativamente. 

No terceiro dia do Febraban Tech 2023, um painel reuniu bancos e fintechs que atuam nesse cenário para debater a expansão e a democratização dos produtos em moeda estrangeira.

Luiz Didier Junior, CEO do Bexs Banco, conta que o mercado começou a evoluir a partir da digitalização e à medida que o Banco Central simplificou as transações envolvendo valores baixos para pessoas físicas. “O Banco Central vem trabalhando bastante nesse sentido, porque esta é uma área muito regulamentada há muito tempo e as mudanças são mais lentas do que gostaríamos de ver”, afirmou.

No caso das operações de investimento, Guilherme Assis, CEO do Gorila, contou que acompanhou de perto a evolução. “Em 2016 vimos o número de fundos aumentar e o surgimento de produtos de renda fixa mais arrojados. Em 2019, vimos as criptos chegando, sendo que cripto já nasce num mundo sem borda. Quando o acesso foi dado para os brasileiros, cresceu o interesse pelo investimento no exterior”, disse. 

Assim, hoje quem quer investir fora pode contar com players e soluções digitais para fazer operações de câmbio, investimentos ou remessas de dinheiro, por exemplo. Em geral, os clientes desconhecem os trâmites complexos envolvidos nessas operações e as empresas tentam resolver essas dores com apoio da tecnologia. 

“Há 20 anos o sistema do Banco Central para fazer câmbio era demorado, caro e burocrático, com muitos contratos em papel. Hoje o próprio cliente consegue fazer remessas pelo celular e acompanhar a operação”, exemplificou Flavia Gomes Figueira, head de TI para produtos de câmbio do Santander.

“Nos últimos tempos tivemos uma grande evolução e ainda tem muita coisa para acontecer”, disse.

Para Yves Berbert, country manager da Wise no Brasil, a mudança de cenário político e econômico nas últimas décadas favoreceu essa mudança, com a maior abertura da economia nacional para o mundo. “Além disso, a mudança de postura do regulador trouxe simplificação dos processos que antes exigiam muitas documentações e detalhes. Essa simplificação ajuda a melhorar a concorrência. Várias fintechs estão chegando para competir no mercado, com perspectivas complementares às dos bancos. Quem ganha com isso é o cliente”. 

Flavia concordou: “fintechs e bancos podem ser complementares”. Ela contou que o Santander Brasil tem uma rede de parcerias com outras unidades do grupo e fintechs. Por conta disso, a empresa criou um produto que possibilita fazer transferências instantâneas e em real da Europa para o Brasil via conta do Santander ou de outro banco, acompanhando tudo pelo app.  

Nesse ambiente competitivo e colaborativo, os participantes concordaram que a diferenciação entre os players será em torno da experiência do usuário. O cliente vai escolher a empresa que oferecer a experiência mais fluida, ágil e simples.

Educação e democratização  

Com essas mudanças, o setor financeiro também tem papel fundamental na educação do cliente e democratização do acesso. 

“O mercado lá fora se abriu para o investidor brasileiro e tem muita informação. O desafio é explicar tudo isso. Estamos saindo de um mercado de investimento para um mercado que conta histórias. Estamos educando os clientes”, disse o CEO do Gorila. 

“As pessoas não sabiam que podiam investir dinheiro fora do Brasil, muitas achavam que era ilegal, sendo que não é. A hora que entrou a regulamentação e melhorou a experiência do usuário UX, o acesso foi imenso”, disse Didier. 

Segundo ele, a população brasileira é mais pobre e viaja pouco, mas tem acesso à internet, mesmo que não seja rápida e de boa qualidade. Assim, nesse cenário de democratização dos serviços financeiros, elas começaram a ter acesso a produtos internacionais sem sair daqui, basta ver o boom das compras online dos brasileiros em outros países – como os marketplaces chineses – pagando em real.

Empresas de menor porte também foram beneficiadas, como aquelas que atuam no agronegócio, que têm força comercial, mas pouca estrutura para fazer os trâmites de exportação e são pouco digitalizadas em termos de pagamentos e recebimentos internacionais, afirmou Didier.

Novo momento de virada

Com tantas inovações acontecendo ao mesmo tempo no cenário financeiro global, as empresas estão otimistas com a grande virada que deve acontecer com a CBDCs e cripto. 

“Estamos diante de mais uma mudança importante da revolução digital. A CBDC vai flexibilizar ainda mais e tirar atrito nos processos intermediários nas trocas de moedas”, disse Flavia, do Santander. 

Para Berbert, da Wise, novos benefícios também virão como redução de fraudes e crimes.

“Além disso, as novas ferramentas vão dar um ganho de transparência, algo que ainda pecamos no Brasil. Hoje muitas empresas embutem as taxas se serviços nas taxas de câmbio e o cliente nem percebe. Essas novas ferramentas têm papel importante para trazer mais transparência, rapidez e facilidade na experiência do cliente”.