48% das organizações planejam lançar novas iniciativas de ecossistema de dados e 84% delas o farão nos próximos três anos
Paris, 26 de julho de 2021— Uma nova pesquisa do Capgemini Research Institute revela que, globalmente, as organizações envolvidas no compartilhamento, troca e colaboração com dados, como parte de um ecossistema de dados¹, podem obter benefícios financeiros de até US$ 940 milhões (ou 9% de receita anual para uma organização típica com um faturamento anual de US$ 10 bilhões)². Nos próximos cinco anos, esses benefícios serão obtidos por meio da economia de custos, novos fluxos de receita e melhorias de produtividade. De acordo com o relatório, “Data Sharing Masters: como organizações inteligentes usam ecossistemas de dados para obter uma vantagem competitiva imbatível” (tradução livre para “Data sharing masters: How smart organizations use data ecosystems to gain an unbeatable competitive edge”), estima-se um adicional de 10 pontos percentuais de vantagem financeira para organizações que atuam com ecossistemas de dados complexos e mais colaborativos. Ainda assim, 61% das organizações se envolvem principalmente em ecossistemas de dados ligados ao compartilhamento simples de dados e baixos níveis de colaboração, e apenas 39% das organizações estão transformando insights baseados em dados em uma vantagem competitiva sustentável.
Aumento do interesse em monetizar dados
Em termos dos principais motivadores de negócios para participação em ecossistemas de dados, 54% das organizações declaram um interesse crescente em monetizar dados. Isso ocorre porque esse sistema tem causado um impacto significativo em várias frentes nas organizações: melhorando a satisfação do cliente em 15%, aumentando a produtividade/eficiência operacional em 14% e reduzindo os custos em 11% ano a ano. Dessa forma, a maioria das organizações está otimista sobre os ecossistemas de dados e espera ver o mesmo nível de benefícios nos próximos três anos.
As organizações estão planejando acelerar o compartilhamento de dados em ecossistemas
Impulsionado pela percepção do valor do negócio, o estudo também descobriu que uma em cada quatro organizações investirá mais de US$ 50 milhões em ecossistemas de dados³ nos próximos dois a três anos; 76% vão investir mais de US$ 10 milhões. Em média, haverá um investimento de US$ 40 milhões por organização. O investimento varia muito entre setores e países: 55% das organizações de telecomunicações investirão mais de US$ 50 milhões, enquanto 43% das companhias bancárias o farão. As entidades de saúde e governamentais, no entanto, ficam para trás, com 18% e 7%, respectivamente, investindo mais de US$ 50 milhões. Enquanto isso, os Estados Unidos e o Reino Unido serão os que mais gastam, com mais de uma em cada três organizações em ambas as regiões gastando mais de US$ 50 milhões nos próximos três anos.
Quase metade das organizações pesquisadas (48%) está procurando entrar em novos ecossistemas ou iniciativas, e 84% delas planejam fazê-lo nos próximos três anos. Mais de uma em cada três organizações (36%) estão trabalhando no fortalecimento de suas iniciativas de ecossistêmicas existentes.
Embora os benefícios financeiros sejam claros, 61% das organizações ainda estão engajadas em ecossistemas tradicionais de baixo valor que envolvem relativamente pouca colaboração e tipos simples de compartilhamento de dados. Apenas 14% das organizações adotaram os modelos de ecossistema mais colaborativos e tipos complexos de compartilhamento de dados.
Ecossistemas de dados para impulsionar a agenda de sustentabilidade
Entre os fatores internos que impulsionam a mudança, 60% das organizações citam a disposição de progredir nas metas de desenvolvimento sustentável ou nas mudanças climáticas como um dos principais motivadores para participar do ecossistema de dados. Entre as organizações que desejam criar um impacto social e de sustentabilidade com ecossistemas de dados, a maioria das organizações se concentra em se engajar nesse sistema para o desenvolvimento sustentável de uma perspectiva ambiental, social e de governança (ESG) (73%) e em permitir a inclusão social de setores marginalizados da sociedade (65%).
Christina Poirson, Group Chief Data Officer da Société Générale explica, “os dados são muito mais do que um ativo para nós e estamos organizados para maximizar seu potencial por meio do compartilhamento de informações. Estamos testemunhando um forte impulso regulatório na União Europeia (EU) para estabelecer sistemas de compartilhamento de dados mais suaves no setor de serviços financeiros. As estruturas de governança de dados robustas e abrangentes que implementamos, ao mesmo tempo em que protegemos os dados confidenciais dos clientes, estão de acordo com essa regulamentação em evolução. Eles não apenas contribuem para uma troca de dados mais suave com nossos parceiros do ecossistema, mas também trazem mais benefícios para nossos clientes”.
Zhiwei Jiang, CEO of Insights & Data da Capgemini afirma: “Os dados estão no epicentro da inovação. As organizações que já estão explorando seu potencial estão vendo os benefícios claros que o compartilhamento de dados pode trazer. Eles agora estão olhando além das fontes tradicionais de dados, como agregadores e interruptores de dados, para encontrar insights relevantes e de boa qualidade que impulsionem ainda mais novas ideias, decisões de negócios e, o mais importante, para estender sua vantagem competitiva”.
As formas emergentes de compartilhamento de dados permitem que as organizações atuem de maneira menos intrusiva e são projetadas para trabalhar com dados anônimos. No entanto, 56% das organizações citam a falta de plataformas de compartilhamento que possam controlar os direitos de acesso como o principal desafio tecnológico para embarcar e dimensionar suas iniciativas de compartilhamento de dados. A Capgemini recomenda um roteiro de cinco etapas essenciais, envolvendo:
- Formulação de uma estratégia de ecossistema de dados
- Tomada de decisões importantes de design que pertençam ao ecossistema
- Elaborar e lançar um plano de implementação que seja claro
- Sustentando a vantagem do uso dos dados para medir e monitorar cases de sucesso
- Abordar proativamente os requisitos de privacidade, ética, confiança e regulamentação.
Metodologia
As descobertas da Capgemini têm como base uma pesquisa primária com 750 executivos seniores (nível de diretor e acima) de organizações com receita anual global superior a US$ 1 bilhão nos EUA, Europa e APAC que estão atualmente envolvidos no compartilhamento de dados externos. Além disso, a Capgemini também conduziu entrevistas aprofundadas com 30 executivos e acadêmicos da indústria.
A pesquisa baseia-se no estudo de 2020 da Capgemini “The data powered enterprise”, que explorou as práticas de dados em relação à cultura organizacional.
Olhando para o Brasil, o mercado de ecossistema de dados ainda está no começo, segundo Caue Moresi, Líder da Prática de Insights & Data da Capgemini Brasil. Com isso em mente, existem muitas oportunidades de crescimento dentro dessa prática, o que já vem acontecendo nos mercados financeiros e de seguros, com o Open Finance, formado pelo Open Banking e o Open Insurance.
“Com o compartilhamento e a criação de um ecossistema de dados que passe por diversos mercados, poderemos visualizar uma vasta gama de benefícios, tanto para empresas, quanto para clientes. Essa colaboração permite a ‘hiperpersonalização’ de serviços e soluções, que estarão voltados para as pessoas de forma mais direcionada – oferecer o produto certo, para a pessoa certa, na hora certa e com o preço justo. Por exemplo, uma empresa produtora de bens de consumo, em parceria com os varejistas e com o consentimento dos clientes, passa a receber informações de compras, promoções, disponibilidade de produtos, tudo para repensar como suas mercadorias são disponibilizadas, seja nas lojas físicas ou no e-commerce. A partir de uma análise inteligente, será possível reestruturar a estratégia de vendas para atender da melhor forma as necessidades do público final”, explica Moresi.
Para ler o relatório completo, clique aqui.
(1) Ecossistemas de dados são parcerias entre organizações que lhes permitem compartilhar dados e percepções relevantes de acordo com os regulamentos aplicáveis localmente, criando um valor para todos os participantes.
(2) Os ganhos financeiros incluem novas receitas, maior produtividade e economia de custos.
(3) Organizações com receita global superior a US$ 1 bilhão nos EUA, Europa e APAC que atualmente estão envolvidas no compartilhamento externo de dados
(4) Uma organização que possui ou agrega dados que possuem valor direto para seu cliente. Os dados, ou os insights derivados deles, costumam ser “comoditizados”. Isso inclui hiperscaladores como Google, Amazon e Facebook.