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A importância da governança de dados nas organizações

Por Rogério Carosi & Bernardo Caldeira

21 mar. 2023
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O tema de Governança de Dados segue na pauta das empresas ao redor do mundo, que tenham ou não em seu planejamento estratégico se tornarem orientadas por dados. O fato é que a cada dia os dados vão se tornando essenciais para a boa condução dos negócios, para que eles se tornem mais ágeis, produtivos e rentáveis.

Aqui no Brasil, é nítido o aumento de empresas interessadas em entender essa disciplina e potenciais ganhos para o negócio. Ao longo do ano de 2022, esse foi um dos assuntos mais discutidos pela prática de Data & Analytics da Capgemini no Brasil, seja de forma direta, seja de forma indireta a partir de trabalhos de modernização de arquitetura e plataformas de dados e os desafios de obtenção de engajamento das áreas de negócio como protagonistas de uma cultura orientada a dados.

De acordo com o estudo “The Data Powered Enterprise” do Capgemini Research Institute de 2020*, 50% das organizações afirmaram promover um processo de tomada de decisão orientada a dados. Em 2018 esse mesmo número foi 38%.

Embora crescente, o processo de tomada de decisão baseado em dados nas empresas ainda é reativo, de acordo com o gráfico abaixo do mesmo estudo:

De todos os executivos entrevistados e que afirmaram que promovem decisões orientadas a dados, 51% deles está focado em soluções descritivas e diagnósticas, ou seja, olhando o passado e buscando razões para explicar fatos decorridos em seus negócios.

Os motivadores para investir em governança de dados têm sido, por vezes, externos às organizações. Aqui no Brasil, com a chegada da LGPD, as empresas precisaram – e muitas ainda precisam – se adequar às exigências de privacidade de dados, envolvendo processos de atendimento aos clientes, que são os reais donos dos dados, e soluções de tecnologia que habilitam esses processos. Essa alavanca ‘regulatória’ promoveu o tema de forma massiva na pauta dos executivos.

Até então, a alavanca mais comum nas empresas surgia a partir dos problemas de dados para sua solução, como qualidade e organização, por exemplo. Dessa forma, a identificação dos problemas parte das áreas mais técnicas, que percebem um padrão de demandas das áreas de negócio e propõem a solução corretiva, naturalmente tratadas como custos e enfrentando muitas barreiras na defesa dessas ações.

Mais recentemente, com os dados assumindo seu protagonismo no planejamento estratégico e na condução das empresas, a governança de dados finalmente pode ser reconhecida como alavanca de valor para o negócio, organizando processos, capital humano e tecnologias de maneira ampla, ordenada e o mais importante, conectada diretamente aos resultados do negócio.

É importante ressaltar que as alavancas supracitadas não são excludentes, mas sim complementares e sinérgicas, que podem funcionar em perfeita harmonia, de acordo com as diretrizes de cada empresa.

Mas então, como a governança de dados pode apoiar em um cenário de necessidade de avanço da competência analítica nas organizações?

Começar um trabalho de governança de dados envolve uma avaliação crítica para entendimento do momento atual e prioridades. Essa avaliação vai contar com diferentes dimensões da governança como armazenamento, ciclo de vida dos dados, conexão com o negócio, patrocinadores, ferramentas de catálogo e gestão de dados mestres, por exemplo. O real objetivo da governança de dados é ser a habilitadora de uma cultura orientada a dados de forma efetiva.

A partir de um trabalho de avaliação, é importante identificarmos a prontidão de áreas de negócio que sejam próximas da TI ou de áreas de dados, dependendo da estrutura de cada empresa. A recomendação da criação de um CoE (Centro de excelência) também deve ser avaliada, considerando a forma como a competência analítica está estabelecida na organização.

Uma abordagem consistente de governança de dados deve levar em consideração a consolidação de diferentes variáveis de forma orquestrada:

– Estado de dados atual da organização: Considerando a visão da arquitetura e plataforma de dados atual, devemos avaliar sistemas legado, formas de acesso aos dados e áreas envolvidas na utilização das aplicações.

– Estratégia & Cultura organizacional: Iniciar a jornada data driven por vezes envolverá uma etapa de conscientização sobre o uso de dados como um ativo de negócios. Enquanto a operação não tiver essa fundamentação resolvida de forma clara, será difícil conquistar patrocinadores e elencar papéis importantes na governança como data owners e data stewards. Avaliar como a organização vê valor nas iniciativas de dados e a conexão com objetivos estratégicos é uma boa prática recomendada.

– Estrutura organizacional: Estruturas corporativas modernas são orientadas a benefícios para o negócio e estão organizadas de maneira não funcional, de forma semelhante às organizações matriciais encontradas em empresas orientadas a projetos. Avaliar a estrutura de forma crítica ajudará a identificar formas de envolver a força de trabalho com menos fricção no processo de mudança.

– Competência analítica: Entender como a organização estrutura suas iniciativas de dados é um tema chave. Qual o grau de maturidade no uso de soluções analíticas e ferramentas usadas? A organização trabalha orientada a análises descritivas e diagnósticas com BI exclusivamente ou já faz o uso de soluções preditivas? Estas soluções estão governadas por algum setor? A competência é interna ou externa à empresa?

– Ferramentas necessárias: O volume de soluções analíticas e de suporte à gestão do ciclo de vida de dados é numerosa no mercado. Neste tópico entendemos como ferramentas de gestão da qualidade, catalogação, linhagem e dados mestres devem ser aplicadas na organização considerando suas regras de negócio e complexidade de ambiente tecnológico. A governança deve ser construída de forma incremental e evolutiva, com aplicação de refinamentos com base em necessidades e de forma a não tornar os ciclos de adoção muito extensos.

E você, como tem lidado com o tema de Governança de Dados em sua empresa?

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